Você conhece realmente a sua pele?
Para evitar desilusões
com produtos e tratamentos de beleza, deve-se fazer um diagnóstico mais
preciso da sua pele e evitar jogar dinheiro fora com produtos. Atenção,
independente das promessas de cada produto, ele pode ser eficiente
para uma pessoa e totalmente ineficaz para outra. Já repararam que o
resultado de um produto parece melhor para uma pessoa do que em você?
Mesmo aqui no site, debatemos sobre produtos considerados excelentes
para cada um, mas conhecendo perfeitamente o seu tipo de pele, você
poderá descobrir melhor o funcionamento dela e que te trará benefícios
reais e mais economia.
Tipos de Pele
Estamos
acostumados a lidar com paradigmas antigos sobre tipos de pele:
normal, oleosa, mista e seca. Mas soam muito simplórias essas
categorias, porque na prática percebe-se que duas pessoas com pele
oleosa, usando os mesmos produtos, uma pode ter benefícios excelentes e
a outra, ao contrário, desenvolver alergias e manchas na pele. Foi
pensando nisso que resolvi escrever esse post: para ajudar a
elucidar um pouco mais sobre isso e trazer luz para possíveis dúvidas.
Eu mesmo estou reaprendendo a conhecer a minha pele.
A primeira
coisa é: pele “normal”. Pra mim isso é mito! O máximo que poderia ser
uma pele “normal” é a pele de criança: fina, delicada, sem poros
perceptíveis, hidratada na medida certa ou um pouco mais seca.
Cosméticos indicados: hidratantes leves, principalmente para o corpo,
bastão para os lábios em climas frios ou secos, filtros solares,
sabonetes e xampus para peles assim. Adulto com pele “normal” há
dezenas: nas capas de revistas e anúncios publicitários, com camadas e
filtros de photoshop.
Esse termo é ultrapassado, mas ainda vejo
gente e, pior, profissionais de dermatologia e propagandas de
cosméticos ainda usando essa terminologia. Aliás, a definição de pele
normal, assim como seca, mista ou oleosa, surgiu na indústria de
cosméticos, e foi popularizada especificamente pela cosmetóloga Helena Rubinstein. Mas a Dra. Leslie Baumann,
chefe do Centro de Dermatologia Cosmética da Universidade de Miami,
desenvolveu uma proposta muito interessante para a classificação de
peles, o "Sistema Baumann de classificação em 16 Tipos de Pele".
É
muito simpática essa proposta e em momento algum ela define uma pele
como "normal" e, por exemplo, engloba uma característica da pele, a
sensibilidade. A pele sensível é uma das muitas características da pele e
não um tipo específico. Outro erro comum usado para vender produtos.
Uma pessoa pode ter a pele oleosa e sensível ou seca e sensível. A
compreensão disso poderia ajudar o consumidor na escolha de produtos
adequados para o seu tipo “real” de pele.
Eu sugiro ler sobre os 16 tipos de pele. Há diversos questionários, além do livro Pele saudável (The Skin Type Solution) da Dra. Baumann,
que podem ajudar a analisar melhor. Se for uma classificação que vai
perdurar ou será usada pelos profissionais, eu não sei. Mas me parece
muito mais correta até o momento do que usar uma classificação
ultrapassada e nem sempre precisa no diagnóstico da pele e prometer
falsas promessas para os pacientes.
Para entender melhor essa classificação, A Dra. Baumann estudou 1.400 pacientes e observou a característica da pele em quatro categorias:
1- Hidratação da pele
Determina o grau de hidratação da pele, podendo ser seca (dry) ou oleosa (oily).
Talvez
seja o diagnóstico mais visível ao analisar a pele. A pele oleosa tem
mais produção de óleo e precisa de produtos que não piorem a
proliferação de sebo, ocasionando o entupimento dos poros e acne.
Loções
mais fluidas, “oil free” (na minha opinião, não é passaporte para uma
pele livre de espinhas porque não é só a presença de óleo na fórmula
que pode entupir os poros e causar acne) e/ou com ingredientes
desengordurantes e absorventes de óleo são permitidos, mas sem exageros
para não agredir o manto protetor da pele. Produtos anti-inflamatórios
são indicados para enviar a proliferação de bactérias.
Por outro
lado, a pele oleosa costuma ser mais espessa, com poros dilatados e
mais resistente às rugas e linhas de expressão, mas quando isso ocorre,
tendem a ser mais profundas.
Pele oleosa
A primeira
coisa é: pele oleosa, ou melhor, a oleosidade não é um “problema”. Se
fosse assim, quem tem a pele muito seca seria uma pessoa realizada com a
sua pele. O óleo natural da pele é uma defesa contra agressões
externas: frio, vento, sol, poluição; funciona como uma camada de
proteção para evitar a penetração de vírus e fungos presentes no ar.
Fórmulas mágicas para acabar de vez com a oleosidade da pele são
conversa de marketing. Até os melhores matificantes, um tempo depois de
serem retirados da pele, esta começa a produzir oleosidade. O mesmo
ocorre com géis e sabonetes de limpeza. Sem contar que fatores como
alimentação, stress, hormônios, podem afetar diretamente a produção de
sebo.
Brilho, suor ou oleosidade?
Brilho, suor ou
oleosidade? Sim, é comum confundir as três coisas. O suor e a oleosidade
você descobre com um teste simples: um blotting paper (papel
absorvente de oleosidade) aplicado sobre a pele para remover o excesso
de óleo. O brilho natural é tipicamente uma pele saudável, bem cuidada
e hidratada. Determinados tratamentos como os retinoides e vitamina C
dão esse aspecto. Uma pele com brilho natural e luminosa está para o
conceito de beleza do que chamamos de “pele de pêssego”. Em
contrapartida, uma pele opaca pode dar um aspecto desvitalizado, seco
ou desidratado e é característica de pessoas que não têm uma boa
retenção de água na camada córnea, não se alimentam de forma saudável
ou fumam demais.
Eu, como tenho uma pela muito oleosa, tinha
trauma de brilho excessivo, mas aprendi a perceber quando determinado
produto com hidratantes deixa minha pele mais bonita e com brilho
natural e a recompensa é que, em vez de ouvir “Nossa, como sua pele está
suada?”, eu escuto: “Como sua pele está bonita hoje!”. A estima
agradece!
Não adianta você querer secar a sua pele a todo custo
que vai piorar ainda mais: pode ter efeito rebote ou ficar ressecada.
Há alguns tratamentos que podem diminuir a produção de óleo da pele,
como o roacutan, mas eu não o considero “definitivo”. Há inúmeros
relatos de pacientes que seguiram todo o tratamento, tiveram ótimo
resultado e um tempo depois a oleosidade voltou junto com as espinhas e
cravos também. Se a sua pele é do tipo oleosa, porém resistente,
raramente sofrerá de acne. Já as peles oleosas e sensíveis, ao
contrário, são propensas a acne e rosácea. Estas devem ter mais cautela
com os produtos voltados para peles oleosas, pois determinados
ingredientes podem ser agressivos e piorar a sensibilidade da pele.
Um
processo inflamatório ocasionado involuntariamente por produtos de
beleza, na ânsia de secar a pele e eliminar algumas espinhas, pode
ocasionar mais espinhas e erupções cutâneas como reação. Veremos no
tópico a seguir mais detalhes a esse respeito.
Limpeza da pele
Manter
a pele higienizada é importante, principalmente porque o acúmulo de
sebo e células mortas bloqueia os poros, ocasionando a infecção por
bactérias e as consequentes espinhas.
Existem algumas fórmulas
tradicionais que são bactericidas e antisseborreicas, como a loção Alba
(sulfato de zinco, sulfeto de potássio e água); soluções à base de
enxofre e sulfacetamida sódica; soluções à base de enxofre e cânfora,
conhecida como “loção rosada clássica”, embora algumas farmácias também
disponibilizam com resorcina, extrato de hamamélis, ácido salicílico
em veículo alcoólico. Algumas dessas fórmulas conhecidas são a loção
Beatriz (Dermatus), Secatris (Dermage) e as loções Clarifying (Clinique).
E loções com hamamelis, calêndula, cânfora, mentol, também são usadas
devido à ação ani-inflamatória, porém, veremos mais à frente que alguns
desses ingredientes podem irritar a pele oleosa e sensível.
Pele seca
A
pele seca mostra-se opaca, fina, áspera, não tem um equilíbrio de
hidratação perfeito, pois a sua camada córnea não consegue reter muito
líquido, podendo assim ressecar e descamar com mais facilidade, é mais
sensível e precisa de produtos que reponham o manto hídrico. Tende a
ter linhas e sulcos precoces, poros mais reduzidos e apresentam veias e
vasos mais visíveis. Deve-se evitar produtos com muito detergentes
para não ressecar ainda mais. Prefira loções e óleos de limpeza e pede
hidratantes com ceramidas, ácido hialurônico e óleo para o melhor
funcionamento da barreira cutânea. Produtos hidratantes e sérum com
antioxidantes devem ser usados tanto no tratamento diurno quando
noturno, pois é uma pele que envelhece mais rápido e precisa de
proteção intensa. Alguns renovadores e esfoliantes são indicados para
evitar o acúmulo de células mortas que podem piorar o ressecamento. Nem
pense em ficar sem usar filtro solar. A pele do tipo seca e sensível
requer mais atenção com produtos e medicamentos, pois são propensas a
desenvolver coceiras, alergias e eczemas e muitos produtos encontrados
nas prateleiras possuem substâncias que podem danificar a epiderme em
vez de tratá-la.
Um tipo de pele que seria o mais próximo de
“normal” é aquela levemente oleosa, entre sensível e resistente, pois
tem nível ideal de hidratação e secreção de sebo.
2- Sensibilidade da Pele
Determina o grau de sensibilidade da pele, podendo ser resistente (resistant) ou sensível (sensitive).
Esta
é a categoria que eu observo com mais atenção e a que mais tem
reclamações. Quem busca produtos para a pele oleosa, por exemplo, acaba
optando por ingredientes mais abrasivos, esfoliantes, matificantes,
adstringentes, com AHAs, mentol, salicílico, retinoides e alto teor de
determinados tipos de álcool (nem todo álcool pode irritar ou ressecar a
pele, o álccol estearílico “stearyl alcohol”, por exemplo, é usado
como espessante em cosméticos e hidrata também). Mas descobre com o
tempo de uso que alguns desses ingredientes pode acentuar ainda mais a
sensibilidade da pele e causar irritações, inflamações e manchas.
Resultado: cliente insatisfeito e culpando determinada marca ou
produto.
Cuidados com a pele sensível
A pele sensível
facilmente se irrita e por isso precisa de produtos com ingredientes
mais suaves e em menor concentração. Se a sua pele, por exemplo, é
oleosa, sensível e com tendência a pigmentação, melhor seria evitar
esfoliantes muito abrasivos e produtos com muitos ingredientes
adstringentes e anti-idade para evitar o surgimento de alergias. Mas se
sua pele é oleosa e resistente, pode usar esfoliantes e ácidos fortes para melhor penetrar os ativos.
Cuidado
também com receitas caseiras e produtos com ingredientes naturais. O
que é “natural” não quer dizer que a sua pele vai suportar bem.
Exemplos: frutas cítricas (limão, laranja, hortelã…), essências
(eucalipto, ylang-ylang, sândalo, rosas…), cascas e caroços de árvores,
plantas e frutas (apricot, nozes, grapefruit…) causam alergias e
irritações em peles sensíveis. A própria menta (hortelã), o óleo
proveniente dela, mentol, e a cânfora, usadas em loções higienizantes
para dar aquela sensação de frescor e limpeza, também podem irritar uma
pele sensível. Só lembrando que não há uma regra: a pele sensível pode
ter intolerância a determinados ingredientes e boa aceitação com
outros. Assim, temos exemplos aqui no site de leitoras com intolerância
ao adapaleno, mas que reagem superbem à tretinoina; gente em quem o
adapaleno não faz cócegas, mas não tem tolerância ao ácido glicólico.
De
qualquer forma, evite produtos muito agressivos se a sua pele for
muito sensível. A inflamação e a irritação causadas por produtos
inadequados interferem na saúde da pele e é um alerta do seu organismo: a
pele fica sem defesa natural, o que interfere nas moléculas de
colágeno e, segundo estudos, pode causar o envelhecimento precoce.
Uma
dica é aprender a ler as bulas dos seus produtos de beleza. Um
parâmetro é que a lista de ingredientes segue em ordem decrescente da
maior concentração para a menor concentração. Neste caso, se você não
tem boa tolerância ao ácido salicílico ou álcool benzílico, opte por
produtos que não tenham esses dois ingredientes na lista, ou, se for
imprescindível, que eles encontrem-se no final da lista de ingredientes
em quantidade mínima.
A Dra. Baumann relaciona quatro
subtipos de pele sensível: acneica, rosácea, hiper-reativa e alérgica.
Uma pessoa com pele sensível pode ter todos ou um desses subtipos.
Certa sensibilidade a determinados ingredientes poderia indicar um tipo
hiper-reativa, conforme comentei três parágrafos acima. Ao contrário, a
pele resistente tem uma barreira maior contra as agressões externas,
pode ser até mais espessa e precisa de produtos com concentrações
elevadas para penetrar melhor. Se com essa barreira ela se mostra livre
de irritação e pode usar qualquer tipo de produto, a mesma resistência
pode restringir o beneficio de determinado ingrediente, pois nem todos
os cremes e loções no mercado possuem concentrações elevadas para
penetrar na pele resistente e surtir o efeito benéfico desejado.
Eu
sempre tive dúvidas se a minha pele é resistente ou sensível, pois eu
uso tranquilamente retinoides e abrasivos, mas determinados produtos à
base de hidroquinona e filtros solares químicos com FPS acima de 50
podem causar sensibilidade do tipo hiper-reativa.
Acredito
que determinadas peles podem mudar com o tempo ou uso de um produto,
principalmente com ácido retinoico, tornando-se mais sensível ou
resistente. No início de um tratamento com este retinoide, a pele
apresenta uma maior sensibilidade do tipo hiper-reativa e, com o tempo,
torna-se mais resistente e passa a tolerar até outros ingredientes
mais fortes. No início de um tratamento com ácidos são toleráveis a
irritação e a descamação, mas se esses sintomas persistirem por várias
semanas ou piorarem, é recomendável suspender o uso e procurar um
médico. Eu opto sempre por iniciar um tratamento com retinoico por um
tempo para depois entrar com um despigmentante como hidroquinona ou
arbutin. Minha pele parece suportar melhor.
Há outras opções de
ácidos mais leves e, nem por isso, ineficazes. O ácido azelaico é um
deles: promove uma boa renovação da pele e tem efeitos similares aos
retinoides sem causar a mesma irritação. Além disso, reduz inflamações
cutâneas, melhora o aspecto da acne e da rosácea e é indicado também
para peles sensíveis com tendência a vasos vermelhos na face.
O
oposto também ocorre: uma pele aparentemente mais resistente torna-se
sensível após o uso de determinados produtos. Mudanças climáticas
também podem interferir, principalmente quando uma pessoa está
habituada a morar numa cidade mais quente e precisa morar numa cidade
mais fria, a impressão que se tem é que precisa mudar quase todos os
produtos habituais. A Dra. Baumann confirma e corrobora informando:
“Os
tipos intermediários podem mudar de categoria, de acordo com fatores
exógenos (ou seja, ambiente ou uso de produtos) e endógenos (flutuações
hormonais, stress). Por exemplo, uma pessoa do tipo SRNE com
alterações hormonais e stress em função de gravidez pode desenvolver
acne. Sua pele pode ser tratada de acordo com as diretrizes do tipo
SSNE até que a acne passe.”
3- Pigmentação da pele
Determina o grau de pigmentação da pele, podendo ser mais pigmentada (pigmented), com tendência a ter maior produção de melanina, ou não pigmentada
(non-pigmented), com tendência a ter menor produção de melanina. A pele
pigmentada é aquela mais propensa a ter manchas escuras como melasmas,
lentigo solar (as manchas senis) e efélides (as famosas sardas), nesse
caso, é preciso redobrar o cuidado com o uso ingredientes
fotossensíveis, como os retinoides, e, claro, com a exposição solar,
responsável pela alteração de pigmentação da pele. Também costuma
apresentar manchas depois da incidência de acne, ou mesmo em locais
onde ocorre machucados e picadas de insetos. A pele oleosa, sensível e
pigmentada, por exemplo, corre risco de criar manchas, pois o
aparecimento de acne pode levar a um processo inflamatório na pele e
desenvolver manchas escuras.
O que conta neste diagnóstico não é
o tom da pele/etnia (negro, moreno, amarelo, branco…), mas fatores
genéticos e a exposição demasiada ao sol. Neste caso, podem ser
evitados com cuidados da pele adequados e requer atenção especial para
ficar atento a formulas com ingredientes que podem acentuar ainda mais
isso e evitar tipos de agressões que aumentam a possibilidade de
desencadear inflamações na pele. A Dra. Baumann cita, por
exemplo, esfoliantes muito abrasivos e o componente soja que age como o
estrógeno, ingrediente que pode causar manchas. O que me chama a
atenção é que peles sensíveis e pigmentadas devem ter cautela com
procedimentos como peeling químico e laser, pois pode causar
manchas na pele em vez de atenuá-las. O mesmo cuidado deve seguir com
depilações no rosto, principalmente com cera quente.
4- Tendência às rugas
Determina o grau de propensão de a pele ser enrugada(Wrinkled) ou firme(Tight). O que conta neste caso é a genética e o estilo de vida. Sim, a Dra. Baumann
acentua que é um parâmetro que o paciente pode ter mais controle e
assegurar que com hábitos saudáveis ele possa evitar um envelhecimento
mais acentuado. Em momento algum ela fala em parar esse ciclo, mas
envelhecer bem.
Eu acho falsa a ideia de olhar para a mãe ou o
pai e imaginar como será no futuro. A genética pode contar, mas o
estilo de vida de cada um vai determinar bastante neste ponto: hábitos
alimentares saudáveis, práticas de esportes, proteção contra a
exposição solar e outros agentes externos, o uso de cosméticos
adequados, entre outros, vão contribuir na prevenção do envelhecimento
precoce.
Envelhecimento precoce
Gêmeos podem envelhecer
de forma totalmente diferente dependendo da vida que levam. Uma pessoa
que fumou demais, consumiu alimentos pobres em vitaminas e se expôs
demasiadamente ao sol sem fotoproteção comparada com outra que sempre se
expôs ao sol com proteção e nunca fumou terão aparências distintas. A
foto retirada de um estudo feito em Londres sobre o efeito do
tabagismo e o envelhecimento comparou irmãs gêmeas e o resultado é
surpreendente.
Eu
compartilho com ela que a prevenção é a melhor arma contra o
envelhecimento da pele. Não acredito em fórmulas milagrosas, há muito
marketing endeusando novos ingredientes que um tempo depois tornam-se
obsoletos. Aliás, se eu pudesse escolher alguns ingredientes básicos
seriam: filtro solar sempre, hidratante (dos mais básicos, como
ceramidas), vitamina C (ótimo antioxidante e eficiente) e ácido
retinoico. Utilizando na idade certa, ainda jovem, tenho mais certeza
que a pele vai responder muito bem no futuro. Depois que as rugas e a
flacidez já estão na pele, fica difícil reverter isso. As rugas atuam
nas camadas mais profundas da derme e as maiorias dos produtos não
conseguem penetrar tanto.
Assim, conhecendo essas quatro
categorias você pode identificar melhor a sua pele e a combinação de
tipos. Também ajuda a responder possíveis problemas na sua pele: acne é
mais propensa em pessoas do tipo OS; manchas e rugas precoces são do
tipo PE. Rosácea e eczemas também podem ser evitadas se conhecer melhor a
sua pele. Por esses parâmetros a minha pele seria OSNF.
Aproveitando
a boa genética da minha família, eu passei praticamente 15 anos só
usando filtro + ácido. Ou seja, a resposta foi bem positiva e breve
estarei com 40 anos e a pele quase intacta (tipo F). De alguma forma
também eu reverti alguns pecados do passado: sou da geração anos 80,
quando ainda não se falava muito em câncer de pele e proteção solar.
Peguei muito sol durante a infância e adolescência, tive várias
queimaduras por nunca usar filtro solar. Mas não tenho sardas e
lentigos (tipo N) e a textura da minha pele, segundo minha dermatologia,
é de uma pessoa na faixa dos 25 anos.
Cosméticos
De uns
tempos para cá, eu passei a dar mais valor a uma pele saudável que um
ideal de pele perfeita. Passeia aceitar a oleosidade natural da minha
pele (tipo O) como um benefício; respeitar a sensibilidade da minha
pele (tipo S). Mudei meus hábitos de tratamento. Fugi dos antigos
paradigmas de ter apenas uma pele oleosa. Troquei meus produtos
voltados apenas para secar, matificar, controlar a oleosidade. Optei
por produtos sem esses rótulos. Joguei na gaveta meu hidratante Tri Activ (Normaderm) e passei a usar o sérum Regenerist (Olay)e osérum Idealist (Estée Lauder). Também reduzi o uso de sabonetes e loções com muitos ingredientes esfoliantes e abrasivos: troquei meu sabonete em barra Normaderm pelo Cleanance gel (Avéne) pela manhã, mas na limpeza noturna vario o gel de limpeza Mandom e um óleo de limpeza da Shiseido
para retirar o filtro solar. E alterno ácido retinóico com vitamina C.
Resultado: a pele não ficou muito oleosa, pelo contrário, mantém um
equilíbrio natural. Espinhas são coisas do passado. A tonalidade dela
também mudou: perdeu aquele rubor eterno e hoje está mais clara e com
luminosidade.
Se pudesse eleger duas vedetes da beleza neste momento, seria a linha solar da Sofina e o CE Ferulic.
Primeiro por que optei por usar protetores com maior concentração de
filtros minerais (óxido de zinco e dióxido de titânio). Além de criar
uma barreira estável e duradoura de proteção contra os raios UVA e UVB,
são anti-alérgicos, ideais para peles sensíveis e dão um acabamento
mais suave e não oleoso. Estou usando o Sofina Jenne Day Protector SPF 50/ PA +++.
Este protetor parece que tem água do Santo Graal em seus ingredientes.
Ele faz uma maravilha com a sua pele. De um dia para o outro você
acorda achando sua pele impecavelmente bonita. Não é tão matificante
como o Bioré Milk, mas ele tem uma textura e um grau de
hidratação perfeito. Não acho que a minha pele fique opaca, mas sim com
aquele brilho saudável que relatei no início desse texto. É um item
obrigatório na minha vida para os dias mais frios de inverno. O CE
Ferulic, apesar do preço alto, é um sérum com alta concentração de
vitamina C, tem vitamina E e ácido ferúlico. Indico tanto para
prevenção quanto tratamento para linhas, flacidez, tônus e tonalidade.
*Sugestões:
Muitos
dos produtos que a Dra. Baumann indica não existem no mercado
nacional, outros até foram descontinuados lá fora. Procurei listar
algumas sugestões para vocês. Como um tipo de pele que muito predomina
aqui é do tipo Oleosa e Sensível, ela sugere produtos que tenha ação
anti-inflamatória para evitar espinhas e irritações, sem causar
alergias:
- Limpador: eu indico o Cleanance Gel. Ele
purifica a pele e tem agentes anti-inflamatórios como água termal, que
acalma e não irrita a pele; gluconato de zinco, outro ingrediente
indicado pela Dra. Baumann como anti-inflamatório; curcubita Pepo, um
seborregulador e CTAB, um antibacterecida. Ele faz uma leve limpeza,
tem pouco detergente e quase não faz muita espuma. A Dra saliente que
peles sensíveis ou muito secas devem evita limpadores com muita espuma,
pois contêm mais detergentes e pode ressecar a pele.
* Não lavar a pele do rosto com xampu. Vale para todos os tipos de pele.
Quaquer tipo de xampu tem detergente, mesmo que você use para retirar
maquiagem dos olhos, enxágue! O Pedro indicou um estudo em que resíduos
de surfactantes (detergentes) usados em sabonetes, xampus, podem
representar risco de envelhecimento.
- Loção para
completar a limpeza: ela nem indica muito tônicos, só loções
anti-inflamatórias mesmo. Mas há alguns ingredientes com essa função que
você pode usar, caso queira, como sugestão mais em conta eu indico o Tônico Adstringente Facial Olay – ele tem dois ingredientes que atuam como anti-inflamatórios que são a aloe vera e o hamamelis.
- Hidratantes:
listando alguns ingredientes indicados para esses tipos de pele, tem o
tea tree (chá verde), o dexpantenol (provitamina B5), vitamina E e a
niacinamida. Este último teria um efeito muito semelhante ao de um BB
cream, devido as suas múltiplas funcionalidades: hidrata, regenera,
recupera, renova, clareia. Todos esses ingredientes você pode encontrar
no sérum facial regenerador Regenerist, da Olay. Ele
é feito com silicones e dá uma textura primer à pele. Essse sérum eu
sugiro usar pela manhã, após a limpeza e à noite. Eu aplico até com
ácido. A Dra Baumann indica fazer uma mistura com uma gota de ácido e
uma parte de sérum, mas eu prefiro aplicar separados. Ela por exemplo,
indica o Aveeno Ultra Calming, com Feverfew: uma tipo de
camomila romana indicada para acalmar e com ação anti-inflamatória,
usado para o tratamento de rosácea. Tem propriedades também
anti-oxidante, acalma e suaviza a pele comprometida e agredida.
Feverfew é comprovada para reduzir a vermelhidão e irritação causada
por agressões internas e externas. No Brasil, um similar seria o Roc
Calmance hidratante facial, também com Feverfew e indicado para peles
sensíveis ou intoleráveis, principalmente para quem faz uso de
tretinoina e isotretinoina, tanto tópica ou oral. Infelizmente, esses
dois produtos eu não achei em formula mais leve como gel.
- Filtro solar:
Sofina, não indicaria outro!! Primeiro por que ele tem uma alta
concentração de filtros inorgânicos (nanomateriais), ideal para peles
sensíveis e reconhecido pela FDA como seguros (http://www.cosmeticsdesign.com/Formulation-Science/FDA-monograph-opens-door-for-formulators-to-exploit-inorganic-filters);
protegem muito bem dos raios UVA e UVB; tem pouca concentração de
álcool (uns 5%); e a versão White ainda tem extrato de camomila,
previne e atenua manchas (tipos pigmentados, aproveitem) e também tem
função calmante e anti-inflamatória.
Eu penso que o primeiro diagnóstico que um dermatologista deve fazer é uma anamnese
do paciente: saber se seus hábitos alimentares, estilo de vida,
características das peles na família, até mesmo saber o tempo de
exposição solar delas. Sim, um trabalho quase de psicólogo. Os
profissionais afirmam que os 20 anos de sol que uma pessoa se expôs no
início da vida vão somar para o futuro. Se uma pessoa começou a usar
filtro solar diário com 25 anos, não quer dizer que quando tiver 35/ 40
anos ela não terá manchas. Da mesma forma que eu vejo gente reclamando
que usou um clareador e filtro solar e um tempo depois, as manchas
retornam. A nossa pele tem "memória", a culpa não é dos cosméticos.
Assim, evitaria dinheiro gasto com produtos inadequados e frustrações
com tratamentos prescritos.
Aprenda a conhecer melhor a sua pele e
almeje aquilo que ela pode ser com os cuidados necessários. Afinal, o
padrão de pele perfeita é uma pele saudável.
Agradecimentos ao Pedro M. e a Márcia Leme.
*Na web você encontra o teste:
– O teste completo do Sistema Baumann de classificação. Aconselho a
fazer o teste de tempos em tempos, pois a pele pode mudar em alguns
parâmetros:
Veja Abril O
site da Dra. Leslie Baumann:
– Livro “Pele Saudável” – Leslie Baumann/ Editora Elsevier. A edição
brasileira está na primeira e várias sugestões de produtos já foram
descontinuados. Nos EUA já há uma segunda edição revisada e atualizada.